quarta-feira, 12 de novembro de 2008

para não ser feia

é no sono que mato a palavra que me foge da boca com sede
por não saber o que me falta se me falta tudo e falta tanto
e não percorri nada no percurso de mim para a cama
e não suporto magoar feridos
que sejam
e não suporto mais os murros de punho fechado no estomâgo vazio até sempre

e na minha ferida a tua ferida
na minha doença a tua doença
na minha cidade ninguém
no outono morri
no inverno enterrei-me
na primavera quero-me jovem
muito mais jovem
no verão quero ver-te nu de cima para baixo e sorrisos na estrada aberta

só quero dizer
quero mesmo
que me enojei e enjoei na exaustão de uma coisa muito importante
que me esqueci de tudo nas linhas pintadas a carvão
e que não preenchi os espaços porque não sei
só porque não sei

é um perdão sim
é um querer ter duas vidas
é um querer ser cinema mesmo quando cozinho ou despejo o lixo

é música nos meus ouvidos o que peço
para que tudo me fique melhor quando me sinto observada

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