segunda-feira, 27 de abril de 2009

não saber se compre os cravos
ou se os apanhe do chão

em todas as portas a que bati:
menos

eu cresci
e gosto pouco
o meu irmão preocupa-me
e o meu pai também
a minha mãe precisa de uma vida nova

eu estou fugida
e nem sei de quê

e o minho nem sei de que maneira me faz falta
o alentejo também me emociona
lisboa não chegou para a saudade
barcelona é outro lugar

e eu sou assim

e ainda bem que elas
ainda são ingénuas o suficiente
para se encantarem com os astros
e com os satélites naturais

e com os defeitos
enumerados por uma criança
acerca de um adulto

ainda bem que saio pelo portão
e ouço com coração
as mágoas das velhotas tristes com os políticos

mas chego a casa e a cama é sempre a mesma
precisava de beber uma boa àgua

talvez durma bem
se dormir
cresci terrívelmente

tenho medo

e o mais que faço é vestir-me de vermelho

tão pouco

o que me acabará?

a sede

a fome

o sangue

o sorriso

a terra acabar-me-á

2 comentários:

fernando machado silva disse...

estava para te dizer uma coisa que te direi daqui a pouco. agora vou dizer-te outra. gosto deste poema, mas, sinceramente, a parte do teu poema que mais ligo a mim - e toda a leitura se faz destas ligações - é a que diz, e daí para a frente: talvez durma bem...
gosto da tua displicência em relação às coisas, deste quotidiano ainda mais quotidiano que qualquer neo-realismo de escolas. o quotidiano, quando o é, penso-o agora enquanto escrevo e em relação às minhas coisas - sinto uma grande proximidade entre a tua escrita e a minha e daí a minha dificuldade em falar sobre a tua - dizia, então, que o é de uma forma muito pessoal. o quotidiano enquanto conceito é impessoal, mais ainda que o geral, porque o é numa escala mais inferior que o geral. e o quotidiano que tu fazes e que eu tento igualmente fazer, de uma forma teorizada, é, acima de tudo, o oposto da poesia enquanto direccionada para o universal. nós podemos pensar no universal - é por isso que escrevemos e fazemos igualmente um blog, se o fizéssemos só para nós e amigos nem um blog fariamos - mas a nossa escrita vai no sentido de um quotidiano impessoal, isto é, é nosso, pessoalíssimo e ndad universal, mas que procura um ponto de contacto que desfaça a nossa ligação e se torne nas palavras que o outro, que lê, poderia dizer.

gosto da tua escrita maria inês, há palavras tuas que me tocam - que é para mim o mais importante, que a escrita toque - o que me faz gostar de ti.

mas o que te queria dizer é isto: como estás maria inês, porque não escreves há, mais ou menos, um mês, quem não te está a tocar?

beijos

benjamim machado

Anónimo disse...


este comentário não se perecebe nada
assim como o Bloge em questão, falam de Neo Realismo, falam de todas as merdas terminadas em ismo,a maioria de vocês nem deve sequer saber do que falam mas acham que se usarem palavras terminadas em ismo e frequentarem espaços intelectuais que acabam por ser quaquer coisa de diferente de aquilo que vocês não aceitem em vocês mesmos.
Entre vocês e os gajos do Tunning, os betos e maltinha indie que gosta de ouvir "pontos negros" não parece existir diferença nenhuma.
São vulgares... confundem-se com a multidão, tenho pena vossa.