chegámos tarde
muito tarde
(depois das tristezas)
e se há coisas que aprendemos
é que os erros ortográficos
até se podem tornar insignificantes
se fazemos coisas de amor
cheios de sono
e com afundações de trabalho
se dissemos as palavras erradas
foi porque não as havia certas
são mais ou menos onze
e não me perdi
e mesmo assim sou muito tua
a cerveja sabe-me bem
e o vento não me incomoda
contemplo estações
contemplo comboios
guardo na minha gaveta
um monte de textos
de alturas em que fui menos eu
deito-me com pouca política
mas deito-me com o coração apertado
num sentido bom e não num sentido mau
a cerveja sabe-me bem
e tudo é bom de exisitir
não preciso de ler poesia
para me comover com as mudanças de tempo
e não é a chuva que me fecha em casa
e não é sem mim que me encontro
e é comigo que me deito
e é comigo a música
e é comigo o sumo de laranja
e é comigo o assobiar
e é comigo o eléctrico
e é comigo o último fósforo
e é para ti o meu comigo
mas só as vezes suficientes e saudáveis
e a cerveja sabe-me bem
e o vento não me incomoda
e agora meto-me no carro
e deixo-me adormecer sem ver os cometas
1 comentário:
http://donnemoimachance.blogspot.com/2009/10/poema-de-futuro.html
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